Política de pacificação levou paz e crescimento às comunidades do Complexo do Alemão
A volta por cima após a ocupação: Para a comerciante Eni Vicente (foto), de 48 anos, a transformação da comunidade representou renascimento e prosperidade. Mineira de Muriaé, ela abriu em 1999 uma padaria em uma loja alugada em Nova Brasília. Após algumas falências, viu o negócio deslanchar com a pacificação. Em três anos, Eni inaugurou duas padarias e comprou três veículos. Legalizou a empresa há um ano, contratou 15 funcionários com carteira assinada, passou a abrigar um caixa eletrônico 24 horas e agora negocia com a Caixa Econômica a instalação de um posto de recebimento de contas no estabelecimento.
- Fiquei dez anos sem ter sucesso. Com a pacificação, comecei a crescer. Hoje, grandes empresas sobem aqui para me atender. Comprei equipamentos e fiz cursos de empreendedorismo pelo Sebrae. A ficha está caindo de que sou uma empresária - disse Eni, que voltou a morar na comunidade para ficar mais perto do negócio.
Apostas da AgeRio:
Vendo a grande movimentação de turistas atraídos pela segurança, o técnico em telecomunicações Marcelo Ramos (foto), 38 anos, decidiu investir. Abriu o bistrô Estação R&R, espaço que oferece mais de 200 rótulos de cervejas importadas e nacionais artesanais. A ideia que parecia loucura ganhou apoio da AgeRio, que já financiou cerca de 350 empreendimentos na comunidade.
- A AgeRio me ajudou a acelerar meu planejamento e hoje já penso em pegar um segundo empréstimo para criar uma cerveja própria, que vai se chamar “Complexo do Alemão”. Com um mês de vida, o bistrô já começou a se manter sozinho e não precisei mais do meu trabalho. Nada disso seria possível sem a pacificação. Só investi porque me senti seguro - explicou Ramos.
Do Twitter para o mundo:
Três anos depois de ficar famoso por twittar a ocupação do Alemão, Rene Silva (foto), hoje com 20 anos, ainda representa a comunidade no Brasil e no mundo. O jovem líder do Voz da Comunidade contabiliza mais de 300 viagens para dar palestras, falar sobre jornal comunitário e participar de programas. Já foi a Nova Iorque trocar experiências com jovens comunicadores do Harlem e carregou a tocha Olímpica, em Londres.
- As pessoas têm curiosidade de saber como a pacificação funciona. É um processo e já aconteceram muitas mudanças. Hoje recebemos turistas do mundo inteiro no teleférico, temos mais oportunidade de emprego e cursos, desenvolvemos uma gastronomia local", afirmou o jovem, que recebeu convite de duas universidades privadas para cursar Jornalismo.
Liberdade nas ruas:
Se Rene ampliou seus horizontes fora do Alemão, a pequena Gabriela Grego, de 12, comemora a liberdade conquistada dentro da comunidade. Com as cenas de tiroteio e violência cada vez mais distantes da lembrança, Janete Fernandes (foto com Gabriela), de 43, já permite que a filha brinque na rua, vá para a Vila Olímpica e ande de teleférico desacompanhada.
- A Gabi está sendo criada de forma diferente do irmão, de 18 anos. Ela tem mais liberdade e oportunidades. Faz reforço escolar com policiais da UPP, participa de passeios, conhece museus e lugares que eu não levava. Antes, não sabia que podia confiar na polícia e hoje vejo que a pacificação trouxe inúmeros benefícios - disse a dona de casa.
Foto: Clarice Castro
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