O filme "Mandela: Long Walk to Freedom" recebeu elogios dos sul-africanos que correram para ver sua estreia, mas os críticos não se impressionaram, e um deles chegou a descrever o mais recente filme biográfico sobre o líder antiapartheid como excessivamente reverencial à propaganda do partido Congresso Nacional Africano (CNA).
Com o primeiro-presidente sul-africano agora com 95 anos e em mau estado de saúde, os espectadores se sentiram emocionados na quinta-feira (28) na primeira exibição do épico de 150 minutos, que tem o ator britânico Idris Elba no papel de Mandela e Naomie Harris como sua mulher, Winnie Madikizela-Mandela.
"Foi uma experiência extremamente calorosa e emotiva para mim", disse Seedat Tahera, de 42 anos, elogiando o clima autêntico do filme, rodado parcialmente em Soweto, a enorme favela na periferia de Johannesburgo que esteve no centro da luta contra o domínio dos brancos no país.
Keith Bernstein/Associated Press | ||
Idris Elba como Nelson Mandela (esq.) e Riaad Moosa como Ahmed Kathrada no filme 'Long Walk to Freedom' |
"Eu cresci nas ruas da favela de Alexandra e, para mim, cada passo dado pelo senhor Mandela era como se eu estivesse dando aquele passo de novo. Isso me trouxe uma grande tranquilidade e paz. Eu me sinto muito amada e feliz por ser sul-africana."
ADAPTAÇÃO
Mandela, que se tornou presidente em 1994, mas só cumpriu um mandato, deu ao produtor independente sul-africano Anant Singh os direitos de filmagem de sua autobiografia há mais de 15 anos.
Boa parte da dificuldade para levar o livro às telas se concentrou na condensação de uma história que perpassa seis décadas, incluindo 27 anos de prisão, em um roteiro de duas horas.
Singh e o diretor britânico Justin Chadwick decidiram focar na luta de Mandela contra o apartheid e os danos que causou à sua família. Eles também tentaram mostrar o lado bom e o ruim, incluindo a opção pela violência, que resultou em sua condenação à pena de prisão perpétua.
Mas os críticos disseram que o filme fracassou nessa meta e, em vez disso, se tornou uma nova peça na máquina de criar mitos que o CNA e outros criaram em torno de Mandela.
"Ao não tratar de nenhum modo significativo das políticas de Mandela e se recusar a dedicar algum tempo para examinar o que o levou a ter papel tão preponderante no movimento de libertação, o filme presta a si próprio um desserviço intransponível", escreveu o crítico Tymon Smith.
"O filme simplesmente reforça a propaganda hagiográfica do CNA", escreveu ele no jornal sul-africano "Times".
O jornal de Soweto elogiou a poderosa interpretação dos atores, mas disse que a obra passa por cima de vários fatos.
"Encaixar uma história tão longa e repleta de eventos em um filme de duas horas sempre seria uma tarefa gigantesca", disse o jornal.
A família de Mandela e o CNA, o movimento de libertação criado há cem anos e que governa a África do Sul desde o fim do apartheid, aplaudiram o filme.
Fonte: Folha de São Paulo
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