domingo, 10 de novembro de 2013

Aruanda, de Linduarte Noronha

Cineasta Linduarte Noronha
Na década de 1960 o cinegrafista paraibano Linduarte Noronha (1930-2012) realizou o filme Aruanda – que é um marco do cinema nacional –, no qual conta como surgiu e como vivia a comunidade que hoje é denominada de Quilombo do Talhado. Desde então o Talhado ficou conhecido nacionalmente como uma comunidade remanescente de quilombo. Quatro décadas se passaram e só em 2004 é que esta comunidade foi reconhecida por lei como quilombo do Talhado.

O filme trata da fundação de um quilombo de escravos fugidos na Serra do Talhado e revisita a região, quase um século depois, flagrando uma família camponesa que subsiste de algodão, plantado pelos homens, e cerâmica,  obra das mulheres.Com linguagem poética , o filme é considerado influente no inicio do movimento do Cinema Novo. 

Para o crítico de cinema Paulo Emilio, Aruanda era “um manifesto” – quer dizer, um indicador do caminho a seguir na linha evolutiva do cinema brasileiro. Glauber Rocha escreve que Linduarte e Rucker Vieira “entram na imagem viva, na montagem descontínua, no filme incompleto. Aruanda inaugura o documentário brasileiro nesta fase de renascimento que atravessamos.” (Revisão Crítica do Cinema Brasileiro, 1963).

A Constituição Brasileira de 1988 reconheceu aos "remanescentes das comunidades dos quilombos" o direito à propriedade da terra que ocupam. O decreto 4.887, de 20 de novembro de 2003 (data que rememora a morte de Zumbi, principal líder palmarino), regulamentou o artigo constitucional sobre os direitos dos quilombolas. Segundo seu texto, "a caracterização dos remanescentes das comunidades dos quilombos será atestada mediante autodefinição da própria comunidade", ou  seja, não se trata de encontrar descendentes diretos de escravos fugitivos que ainda vivem no mesmo assentamento de seus antepassados e sim de considerar a identidade construída em torno da resistência em comunidade contra os efeitos da escravidão. 

Assista agora, Aruanda, de Linduarte Noronha:




Por Julio Oliveira Amado




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