terça-feira, 20 de agosto de 2013

Sessão na Câmara marca 25 anos da Fundação Cultural Palmares

A ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, participou de solenidade requerida pelo deputado Federal Edson Santos. Parlamentares e autoridades foram contundentes ao falar da importância da instituição
Sessão na Câmara marca 25 anos da Fundação Cultural Palmares
Ministra Luiza Bairros participou de solenidade no Plenário da Câmara dos Deputados

Foi com uma saudação a Oxum - orixá rainha das águas doces, dona dos rios e cachoeiras - que José Hilton Santos Almeida (Hilton Cobra) iniciou a sua fala ontem (19/08), na Câmara dos Deputados, durante Sessão Solene pelos 25 anos da Fundação Cultural Palmares, órgão do qual é presidente. Com um discurso emocionado, ele destacou a importância do movimento negro no processo de criação do órgão, fez um relato histórico, tratou sobre a vocação e trajetória da instituição, que na estrutura do Ministério da Cultura tem a finalidade de promover e preservar a cultura afro-brasileira.

“25 anos da Fundação Palmares, 25 anos de uma trajetória em que as políticas públicas voltadas para a promoção das culturas negras consolidaram-se como uma plataforma fundamental para o desenvolvimento do país”, declarou Cobra, afirmando que a Palmares já nasceu com vocação para converter as manifestações artísticas e culturais negras em aporte essencial para a transformação do Brasil. “Naquele momento, como a memória coletiva não nos deixa esquecer, emergiam na superfície do tecido social as reivindicações históricas dos movimentos negros”, lembrou ainda o presidente.

“Completar 25 anos é um feito extremamente importante, motivo para festejar, para celebrar”, disse a ministra Luiza Bairros que, por outro lado, ponderou os desafios que surgem a cada celebração. “Foi uma longa caminhada para chegar até aqui. A diferença desse momento, desses 25 anos da Palmares e 10 anos da SEPPIR, é que temos que tomar conta do que existe de diferente nessa conjuntura para que a nossa atuação tenha efeitos efetivos na vida das pessoas negras”, completou a chefe da SEPPIR.

De acordo com a ministra, o Brasil avançou do ponto de vista das ações afirmativas, apresentando crescimento em cada área da vida social, a exemplo do Prouni – Programa Universidade para Todos, que em 2005 atingiu 110 mil estudantes e hoje atende quase 1,3 milhão em todo o país. “Isso dá um pouco a dimensão dos avanços ao longo desse tempo”, concluiu Bairros. A ministra lembrou ainda que o país tem hoje uma consciência racial efetivamente maior que há alguns anos, e que a medida dessa consciência está no fato do censo demográfico em 2010 ter acusado, pela primeira vez, mais de 50 por cento de pretos e pardos na população brasileira.

Presenças
A solenidade, que teve saudações em yorubá e a declamação de poemas pela artista Cristiane Sobral, contou com a presença do decano do grupo de embaixadores africanos, o embaixador da República do Zimbabue, Thomas Bvuma; do ex-presidente da Palmares, Zulu Araújo, e dos deputados federais Érika Kokay (PT-DF), Paulo Ferreira (PT-RS), e Paulão (PT-AL).

Durante a sessão, o Secretário-Executivo do Ministério da Cultura leu a mensagem da titular do MinC, ministra Marta Suplicy, destacando que Hilton Cobra iniciou sua luta pela cultura afro-brasileira muito antes de assumir a presidência da Palmares.

O proponente da sessão, deputado Federal Edson Santos (PT-RJ), lembrou que a Palmares foi o primeiro órgão a tratar da questão racial no âmbito do governo brasileiro, seguindo orientação da Constituição de 1988, que confere ao Estado a responsabilidade de promover a igualdade racial. Já o deputado federal Luiz Alberto (PT-BA), destacou a atuação do movimento negro em 1988, ano do centenário da abolição da escravatura e da criação da FCP.

“O país tem dificuldade de reconhecer sua história, de reconhecer a identidade afro-brasileira na construção do Brasil”, destacou o deputado federal Fernando Ferro (PT-PE) em seu pronunciamento. “O Brasil mudou e nós, negros, mudamos sim, com ele, na medida em que soubemos nos preparar para aproveitar muitas oportunidades criadas ao longo desse tempo, a ponto disso provocar, pela primeira vez, um processo de oportunidades de ascensão social da população negra, por conta das várias políticas adotadas por esses últimos governo e, mais especificamente, por conta das ações afirmativas”, afirmou ainda a ministra.

Fundação
Primeira instituição pública federal designada a promover e preservar a arte e a cultura afro-brasileira, a Fundação Cultural Palmares foi fundada pelo então presidente da República, José Sarney, em 22 de agosto de 1988, ano do centenário da abolição da escravatura e da promulgação da Constituição brasileira.

Direcionada para a promoção da igualdade racial e a valorização das manifestações de matriz africana, a Palmares formula e implanta políticas públicas que potencializam a participação da população negra brasileira nos processos de desenvolvimento do país.

Em 2013, a FCP comemora 25 anos de trabalho por uma política cultural igualitária e inclusiva, que busca contribuir para a valorização das manifestações culturais e artísticas negras brasileiras como patrimônios nacionais.
Fonte: SEPPIR

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