O secretário
de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, Zaqueu Teixeira, ressaltou
que as ações firmadas neste 13 de maio são fundamentais para a erradicação das
desigualdades raciais no nosso estado.
O Brasil extinguiu oficialmente a escravatura no ano de 1888 , no dia 13 de maio,
após um lento processo de abolição que se iniciou em 1850 com a promulgação da lei
Eusébio de Queirós que proibia o tráfico negreiro no oceano Atlântico em sentido ao Brasil. A
abolição se deu devido a pressão externa, já que o Brasil foi o último país do continente americano
a abolir o trabalho compulsório, e de intelectuais e políticos brasileiros que
defendiam a liberdade para os negros. Porém
ao se analisar no desdobramentos sociais dos negros livres por meio de uma “ demissão em massa e sem
indenizações”, como definiu o presidente da CEDINE ( Conselho Estadual dos
Direitos do Negro), Paulo Roberto Santos, criou-se sequelas sociais que vão durar
até os dias atuais.
O
evento veio a refletir sobre o que se
desenvolveu em termos de politicas públicas voltadas aos
afrodescendentes, e também sobre a identidade cultural do negro na
sociedade
brasileira. O primeiro orador do dia, Marcelo Dias, Superintendente de
Igualdade Racial – SUPIR/RJ, destacou a importância da primeira década do séc.. XXI
no Brasil no que tange políticas públicas para os negros e pardos, como por exemplo a criação de
SEPPIR em 2003 e a garantia de cotas na
Universidades Públicas para afrodescendentes, que no Estado do Rio de Janeiro começaram
a ser implementadas em 2003 na UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Tal política alavancou uma série de críticas de setores conservadores da
sociedade; sobre esse aspecto o defensor público Nilson Bruno traçou um
paralelo com o período em que negros eram proibidos de estudar , o defensor
salientou ainda que tal repulsa trata-se de um racismo velado que infelizmente
ainda existe em diversas camadas da sociedade brasileira. O racismo institucional no Brasil foi lembrado no discurso do secretário-executivo
da Secretaria-Geral Diogo de
Sant'ana, e do Governador Sérgio Cabral que mencionou a vitoriosa
politica norte americana de inclusão de negros na iniciativa privada por meio
cotas que tem como exemplo de sucesso a Primeira Dama Michele Obama.
A jornalista Lilian Ribeiro (CBN Rio) falou de sua experiencia como ex-cotista da UERJ do curso de jornalismo. Em seu discurso Lilian comentou que na época em que era estudante de jornalismo da UERJ não se sentia a vontade em dizer aos demais colegas que era cotista, e que anos após formada e de reflexões chegou a conclusão de que a razão de que não revelava ser cotista aos colegas de classe era o fato de não se aceitar como negra e sim como "moreninha". A jornalista disse ainda que tal atitude de amenizar o fenótipo para mascarar o preconceito, que a acompanhou durante sua graduação, é muito comum entre os brasileiros, que tendem a não aceitar suas origens.
Presidente do PMDB AFRO RJ, Mara Ribeiro, acompanhada da Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial de Japeri |
A militância do PMDB AFRO do Estado do Rio de Janeiro esteve presente ao evento. A Presidente Estadual do movimento negro peemedebista, Mara Ribeiro, ressaltou a importância do momento de reflexão como forma de se buscar mecanismos de mudanças para elevar a auto-estima do povo negro no intuito de romper os paradigmas das desigualdades que ainda estão impregnadas na sociedade da segunda década do século XXI. De acordo com a Presidente Mara Ribeiro os princípios básicos da cidadania humana foram negados ao povo negro ao longo da história brasileira, com a supressão de condições mínimas de sobrevivência. Mara prossegue dizendo que o princípio da "Liberdade" não está associado tão somente ao "Direito" de ir e vir, mas principalmente às condições de gozo para tal liberdade que lhe é assegurada. A presidente do movimento, cujo lema é "Empoderar é dar poder", ressalta a importância do poder como forma de consolidação da libertação do povo negro, ela diz o seguinte: Desta forma, o PMDB AFRO RJ, vem trabalhando por todo o Estado, afim de, fomentar o debate de que o "poder" está em nós, temos e devemos acreditar em nosso poder de resistência. A presidente concluiu dizendo que o poder só se é dado à quem tem a certeza e a consciência de que já tomou posso desse instrumento tão importante de transformação da sociedade.
O saldo do evento foi muito positivo, pois, reverberou uma síntese do paradigma racial instalado hoje no Brasil. Porém demonstra que temos muito a caminhar para nos tornarmos uma nação realmente justa e livre. Como bem salientou a Ministra chefe da Secretaria Nacional de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, em seu discurso, “a abolição da escravatura é um projeto ainda inacabado”. A ministra destacou que o Governo do Estado está marcando mais um tento importante dentro da política de promoção da igualdade racial no Rio de Janeiro, apresentando para a população do estado um conjunto de iniciativas certamente contribuirão e muito para afirmar o Rio como um dos pólos mais importantes da experiência negra no Brasil. Devemos, portanto prosseguir nos esforços de se construir um país realmente justo e livre com todos os seus cidadãos sem discriminação de raça, credo ou sexo.
Por Julio Oliveira Amado
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